sexta-feira, 1 de maio de 2009

Moto Adventure com a matéria do Atacama e Paso San Francisco




A Edição 99 da Moto Adventure publicou a matéria da viagem para o Atacama e pelo Paso San Francisco (com direito a foto da viagem na capa)!


Enjoy!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

One Last Word...

“A solidão é para poucos. Não é democrática. Não é um direito universal. Para ser um direito universal teria que ser desejada por todos. Mas são poucos os que a desejam. A maioria prefere a agitação das procissões, dos comícios, das praias, da torcida: lugares onde todos falam e ninguém ouve”. Rubem Alves

Hoje, lia uma revista no hotel onde me deparei com a citação acima. Resolvi transcrever aqui. Foi uma viagem curta em tempo, mas espetacular para praticar esta arte que os motociclistas conhecem bem, que é a de estar consigo mesmo na estrada. Mesmo em viagens em grupo, este “esporte” é intensamente praticado, pois nas horas de pilotagem, na estrada, por maior que seja o grupo, o motociclista sempre está sozinho, consigo mesmo. E a isso, eu, pessoalmente, convencionei chamar de higiene mental, um processo necessário e absurdamente saudável!
Daqui até Curitiba, seguramente não haverá nada digno de nota (alguém aí vai querer ver fotos da BR-277????). Mas ainda vou fazer mais um post, depois do fim da viagem, com os famosos “números” (consumo, distâncias, médias horárias, etc). Mas algumas coisas, relacionadas ao trajeto, são dignas de nota para amigos motociclistas (ou não), que tenham interesse de percorrer os locais por onde passei:

- No total, terei rodado menos de 7.000 km. Uma viagem tranqüila de se fazer, de moto ou carro, sozinho ou com família, cachorro e papagaio. A maior parte do trajeto é de estradas absolutamente tranqüilas e 100% do trajeto não requer “prática nem habilidade”. Portanto, se alguma vez já lhe passou pela cabeça pegar a moto (ou o carro) e ir conhecer essas maravilhas que estão aqui do nosso lado e que custam barato sem dever nada a outros atrativos naturais de outros continentes, pare de pensar e vá!

- O Paso San Francisco não deve meter medo em ninguém, nem nos motociclistas que têm 3 tipos de arrepio só de ouvir falar a palavra “rípio”. É um trajeto seguro, desde que, obviamente, observados princípios básicos de preparação e planejamento (comida e água no carro, velocidades compatíveis, etc).

- Os hotéis em San Pedro de Atacama são extorsivamente caros. E, especialmente lá, confiar nas fotos da Internet pode ser um problema... ;-) Informe-se com outros viajantes para pegar dicas de hotéis confiáveis.

- Uma vez em San Pedro, não vale a pena economizar caraminguás pra evitar a excursão ao vale de La luna ou aos geisers, por exemplo. É evidente que dá pra ir de moto (ou carro) em qualquer destes lugares. Mas indo de excursão você terá o guia para lhe contar coisas que você não descobriria sem ele, e dará descanso ao seu traseiro desfrutando de um longo dia sem encostar na moto (ou no carro). Ah, e sem contar que as excursões, ao contrário dos hotéis, são muito baratos!

- Não se impressione com a primeira impressão de San Pedro, caso esta seja negativa (a minha foi). É, de fato, um lugar no fim do mundo, sem ruas asfaltadas. Lembre-se que é pra isso que você foi lá (asfalto tem em Curitiba...). E, principalmente, espere que San Pedro lhe dê o privilégio de se mostrar. Poucas cidades que conheço têm o charme e a atmosfera que San Pedro têm no que tange aos seus cafés, seus restaurantes e suas lojas de artesanato.

- Antofagasta sucks! É uma cidade portuária, e salvo uma área aparentemente nova pra galera endinheirada, é uma cidade muito feia, muito suja e portuária. Nada justifica desviar seu caminho para passar por lá. E, caso sua motivação seja a mão do deserto (como foi a minha), não se preocupe. Você simplesmente não pode evitá-la, porque apesar de TODO mundo falar que ela fica em Antofagasta, ela fica 70 km pra frente, em plena Ruta Panamericana.

- Não dá pra cruzar o Paso San Francisco sem gasolina adicional, a não ser que você vá de Adventure, situação em que, com mão leve, dá pra ir sem problema. Qualquer outra moto, vai precisar transportar gasolina, não tem jeito.

- Os guardas na Argentina parecem estar ficando mais civilizados. Talvez eu esteja falando cedo demais, ainda tenho um bocado de chão pra rodar aqui dentro. Mas até aqui, não tive uma única situação de achaque. Todos cordiais, educados e sem nenhuma sacanagem. Até o guarda que pediu grana pra “gaseosa” no chaco foi bacana (dentro das circunstancias), não tentou sacanear.

- Evite rodar pelo norte da Argentina entre 12h e 16h. É um calor INFERNAL!

- A maioria do pessoal que usa GPS utiliza os mapas do “MapeAR”, um projeto de mapas livres da Argentina que inclui o Chile. Para a Argentina, o negócio funciona com precisão cirúrgica, inclusive as indicações de hotéis e postos de gasolina. Já para o Chile, convém tomar cuidado. Não funciona com precisão e deve ser usado só como referência. Ainda, mesmo na Argentina, não há substituto para o bom senso. Hoje o GPS me mandou pegar uma estrada não pavimentada que parecia não fazer sentido. A outra rota, toda asfaltada, tinha só 10km a mais.

- Muito cuidado com os animais cruzando a estrada. Não subestime este risco.

- VIAJAR É PRECISO!!!!!!!!!

Paso San Francisco - Agora com fotos!

Hoje, finalmente, consegui baixar as fotos da travessia do Paso. Elas estão abaixo, mais ou menos na seqüência em que as paisagens foram se sucedendo. Hoje o dia foi cansativo e sem nada de atrativo, apenas estrada e calor. Aliás, como será todo o roteiro até chegar em Curitiba. De diversão, agora, só mesmo a estrada em si e as 12h de moto por dia.

Mas ontem, o fechamento dos atrativos naturais foi realmente muito legal. Saí de Copiapó 6h30 da manhã, ainda escuro. Já tinha deixado a moto pronta para a travessia, reduzido a pressão dos pneus, água e comida pra passar um mês se preciso fosse, faltando apenas abastecer a moto para a travessia de 475 km sem combustível. No dia anterior já tinha mapeado os postos de gasolina no caminho e, por razões óbvias, programei o reabastecimento para o último posto antes do começo da rota para o Paso. Baaad fucking choice... Dentre todos os postos de Copiapó, este era o ÚNICO que não aceitava cartão... ou seja, puto da vida, tive que voltar até o penúltimo posto, 7 km atrás, para fazer o abastecimento (portanto, para quem quiser cruzar o paso e deixar pra abastecer no último posto, só dá pra fazê-lo em cash).

Problema superado, meia hora perdida, e lá fui eu, montanhas adentro. Devo reconhecer que eu estava um tanto apreensivo. Havia lido vários relatos acerca desta travessia apontando-a como belíssima, mas complicada. A Revista Terra, do mês de novembro, faz um preview do percurso do rally e também traz informações que chamam a atenção pelo que se pode antecipar relativo ao grau de dificuldade da estrada (aliás, o que o indivíduo que fez a matéria falou de besteira, pelo menos sobre o trecho que conheci, não ta no gibi... errou até o número de pasos entre Chile e Argentina – quatro segundo ele, cinco, na verdade). Mas isto foi bom, porque como sempre, preparo em excesso nunca é demais. Possivelmente por fatores climáticos, toda a preocupação com o rípio e com a dificuldade de percorrer os 475 km foram infundados. O trajeto, mesmo nos 285 km de rípio até a fronteira com a Argentina, é MUITO tranqüilo.

A travessia começa adentrando uma cadeia de montanhas enorme. Dá a impressão de que vamos meio que nos perder ali dentro. Montanhas realmente majestosas, e que, de certa forma, nos fazem sentir um tanto pequenos entrando no meio daquele cenário majestoso. O traçado é levemente sinuoso, formado por um solo muito compacto, que permite com tranqüilidade desenvolver velocidades de 120, 130 km/h sem risco, o que só não fiz pra poupar combustível, já que apostei que os 33 litros da Adventure seriam suficientes para me levar ao outro lado sem ter que levar combustível adicional.

Nos primeiros quilômetros, cruzei com duas camionetes, que, deduzi, estavam envolvidas nos trabalhos das várias minas que existem ainda nas baixas altitudes da travessia. Após os primeiros 50 km iniciais, aí sim, a travessia torna-se efetivamente solitária, cruzei apenas com uma outra camionete que ultrapassei depois de algum tempo.

À medida em que a estrada sobe, a paisagem vai mudando. No início, embora predominantemente formadas por rochas, as montanhas apresentam sinais de vegetação. Próximo dos 4.000m, apenas rochas formam a paisagem. Em alguns pontos, o trajeto lembra muito a carretara austral, pela forma como a estrada parece ter sido feita à força no meio da rocha, ora rasgando dois paredões de rocha ao meio, ora nos colocando pendurados com rocha de um lado e um precipício do outro. Em geral, quanto mais se sobe, mais bonita fica a paisagem. Mesmo agora, no verão, surgem picados nevados lá em cima, que constrastam, principalmente próximo à aduana chilena (cerca de 180 km após o início da rota), com salares que surgem aos pés das montanhas. Cenário surreal.

A travessia das duas aduanas foi tranqüila. Sem fila, sem problema. Chegando do lado argentino, a paisagem torna-se menos majestosa (embora ainda bonita) e o trajeto ocorre por excelente asfalto. A chegada a Fiambala foi debaixo de forte calor. E, pela primeira vez, vi verdadeira utilidade do tanque de 33l da Adventure. Cheguei com absoluta tranqüilidade, com quase 10 litros no tanque, o que me deu uma média de quase 20 km/l (obtidos rodando sempre abaixo de 100 km/h, salvo no asfalto, onde rodei até a 110 km/h). Uma média de consumo digna de registro, que me daria 660 km de autonomia com um único tanque!

De resto, dia quente até a chegada em Catamarca. Um dia que vai ficar na memória.































terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Copiapó - San Fernando de Catamarca (travessia Paso San Francisco) - 820 KM

Buenas! Cheguei em Catamarca. Na verdade, mais de 300 km além de onde imaginei chegar, que foi Fiambala, a primeira cidade da Argentina após o cruzamento do Paso San Francisco. Basicamente, continuei tocando porque cheguei muito cedo em Fiambala e a cidade era um "espetáculo"... :-)

Hoje provavelmente não haverão fotos por dois motivos: primeiro, porque estou verdadeiramente moído, foi o dia mais cansativo, e a segunda, porque meu notebook resolveu não conseguir mais ler o cartão SD da máquina e to aqui "brigando" com ele. A viagem hoje exigiu muito fisicamente. A primeira parte, pela condução no rípio que é sempre mais tensa. E a segunda parte da viagem, pelo calor descomunal que fez depois de Fiambala, de lá até aqui sempre oscilando entre 36 e 39 graus. E como eu estava pronto para temperaturas próximas de zero no Paso, estava com a calça e a camisa "térmica", daqueles materiais técnológicos que retém o calor do corpo. A camisa foi fácil tirar, já a calça... Portanto, literalmente cozinhei.

Mas o dia foi fantástico. Realmente, a travessia do Paso é maravilhosa. São paisagens diferentes que se sucedem em intervalos curtos de tempo, após cada curva. Realmente muito bonito. Embora, eu ainda continue achando a carreteira austral, no sul do chile, mais bonita. Mas isso em nada desmerece a beleza das paisagens, que melhor do q eu ficar aqui de blá, blá, blá, será possível ver pelas fotos que vou postar assim que possível.

Outra observação pertinente é que, possivelmente pela época do ano e pela sorte que dei com o tempo, a travessia do paso não é tão difícil assim... para ser sincero, não achei nada difícil (a única dificuldade é o problema do ar rarefeito já que se chega quase a 4.800 msnm). O rípio é bastante compacto, e com exceção de alguns poucos trechos onde existem pequenos e rasos bolsões de pedras soltas, a estrada é mel na chupeta. Comparando, por exemplo, com a famigerada Ruta 40, seguramente daria 2 ou 3 para o nível de dificuldade da travessia do Paso e 8 ou 9 para a Ruta 40. Portanto, fica já de antemão a palavra de incentivo a todos os motociclistas que eventualmente cruzarem com o blog: o Paso San Francisco não morde!!!!!! :-D Pelo contrário, é um passeio fantástico, altamente recomendável, e que não exige nenhuma capacidade sobre-humana para ser cruzado (evidentemente que esta recomendação considera a época do ano em que atravessei o paso, janeiro, alto verão).

No mais, comentarei a fantástica travessia quando conseguir postar as fotos.

Saludos!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Espertão e babaca tem, MESMO, em todo lugar...

Comentei que me atrasei na saída de San Pedro. O atraso deveu-se a uma causa banal... um babaca que chegou com sua S10 prata cabine dupla, placa MFC-4500, de Florianópolis tarde da noite e, segura e literalmente, só tendo olhos para o próprio umbigo, resolveu estacionar sua possante camionete no lugar que melhor lhe conviesse e trancou a passagem da minha moto e de outras motos que também estavam no hotel. Tudo que eu queria naquele momento era saber qual o apartamento desta criatura... Tive que começar o dia empurrando os quase 300 kg da BMW pra achar algum caminho viável, raspando na parede do lado oposto pra pegar a estrada.

Caro dono da S10, espero que o sr. tenha atendido ao "convite" que fiz através do bilhete que deixei no seu carro e esteja lendo essas mal escritas palavras. Aprenda com a situação. Saiba que um dos primordiais mandamentos daqueles que se aventuram pelas estradas do mundo é SOLIDARIEDADE. E solidariedade, entre outras coisas, pressupõe que não se faça aos outros o que vc não gostaria q fizessem a vc. E, creio eu, o senhor certamente não gostaria de ter o seu caminho de saída travado por um babaca que chega tarde da noite e estaciona onde bem entende...

Uma última observação: deixei um bilhete também ao dono da Pajeto TR4 Preta, placa EDC-2807 de Guarulhos, mas creio que o que está escrito acima não se aplica a ele, pois refletindo a posteriori, concluí que muito provavelmente, quando a S10 chegou a TR4 já estava estacionada, e neste cenário, ela não estava me trancando a saída. Se for este o caso, peço minhas sinceras desculpas. Do contrário, evidentemente, as palavras acima também se aplicam a ele...

San Pedro do Atacama - Copiapó - 912 KM

Saí cedo de San Pedro. O dia seria longo, com todo o resto do Atacama pra atravessar até chegar a Copiapó. É bem verdade que nem tão cedo quanto eu gostaria por razões que vou descrever num post que farei na sequencia específico para o assunto. Mas mesmo com o contratempo, o dia rendeu muito bem. Os primeiros 300 km, até Antofagasta, são de deserto com formações similares àquelas que vi antes de chegar em San Pedro, porém bem menos exuberantes. Os 400 km seguintes são um tédio, só tendo de interessante cruazar o Trópico de Capricórnio! Um deserto formado de pedras, muitas pedras, pedras pra cacete! Além de minas de sal, que se sucedem ao longo do caminho. Paisagem monocromática, igual o tempo todo. Já nos últimos 200 km, a coisa começa a ficar interessante novamente. Formações com várias tonalidades de cor (evitei o multicoloridas, mas "tonalidades de cor" é tão gay quanto....) e, por mais de 100 km, a estrada acompanha o pacífico, passando por pequenas comunidades pesqueiras instaladas à beira de um mar ultrajantemente azul.

Na chegada a Copiapó, já me antecipei e fui até o início da rota para o Paso San Francisco para não perder tempo amanhã. Já baixei a calibragem dos pneus da moto e agora é só abastecer pra ir. Também dei sorte no hotel, fica na entrada da cidade, passei por ele na chegada e entrei pra ver. Show de bola. Deu até pra pegar piscina, que ninguém é de ferro...

Esta, provavelmente, será a etapa mais difícil da viagem, mas creio que também uma das mais surpreendentes. O Paso San Francisco liga Copiapó a Fiambala, na Argentina, através de 280 km de rípio do lado chileno mais 200 km de asfalto do lado argentino, que cruzam a cordilheira por um caminho absolutamente deserto, que chega a 4800 m sobre o nível do mar, e onde seguramente pegarei temperaturas abaixo de zero. O paso permanece fechado a maior parte do ano devido à neve, só fica aberto de dezembro a março. E, na semana que vem, o Rally Dakar vai passar pelo mesmo trajeot que vou fazer amanhã. Vai ser uma aventura e tanto. Mas aventura dentro do conceito que entendo por aventura: planejamento e preparo. Além disso, vai ser interessante reencontrar meu velho amigo rípio. Ando com saudades dele...

Saludos e espero mandar notícias amanhã, de Fiambala.

Turismo em Atacama com Fotos

Agora sim!!!!! Sob certo aspecto, não é ruim voltar (ainda que temporariamente) à civilização... :-D Bom hotel, internet decente, piscininha pra resfriar depois de 900 km de estrada... essas comodidades básicas da vida moderna! Mas vamos ao que interessa, começando pelo dia de ontem. Como disse, começou de madrugada... 4h da madruga já tava na recepção do hotel esperando a van. E lá fomos nós, duas horas sacolejando num micro ônibus lotado para chegar aos famosos Geisers del Tatio. Trata-se de um campo geotérmico formado após as movimentações das placas terrestres que deram origem à cordilheira dos andes e ao deserto do atacama, entre outras coisas. A água fria encontra rocha quente, fica sob pressão, blábláblá, e, resumindo, é um campo imenso cheio de fissuras na superfície da terra por onde sai água a mais de 100 graus e vapor. Muito punk! E, num dos campos, tem até uma piscina pros empolgados de plantão tomarem banho de água termal (obviamente que não a mais de 100 graus...). O engraçado não é exatamente ver o povo tomando banho, mas sim o ritual de troca de roupa, enxugamento, etc., porque não há banheiro nem nada parecido... Digamos que enquanto observava tirei umas fotos interessantes, mas que infelizmente não podem ser publicadas aqui... :-DDDD



No retorno a San Pedro, o tour ainda passa por um pueblo onde vivem 80 pessoas e faz uma parada. Acho que o pueblo vive unicamente da parada que as excursões fazem lá. Numa casinha de barro, uma moradora local faz empanadas fritas na hora (a agilidade dela é impressionante fazendo e fritando as empanadas) e do lado de fora, um figura com uma churrasqueira que parece aquelas de tambor vende espetos de llama. E, fechando o passeio, uma parada na reserva dos flamingos.


Retorno a Atacama, e confusão no hotel para trocar de quarto. Como tbem tinha comentado, o tal do Don Raul é uma espelunca, e eu acho que peguei o pior quarto daquela desgraça, porque ficava com a parede na rua e a rua em questão é apenas a rua mais "movimentada" de San Pedro. Ou seja, passei a noite ouvindo carro passando, portão abrindo, nego cozido voltando pra ppousada, e assim foi. E pra completar, na porta do meu quarto tinha uma luz acesa, que "vazava" pela fresta entre a porta e o batente (que não era bem uma fresta, mas uma cratera...). Enfim, o caos. Felizmente consegui negociar uma troca pra um quarto menos pior (mas não menos espelunca).

A decisão seguinte seria ir ao Vale de La Luna de moto ou de excursão. Considerando que ontem foi o dia de descanso e que a excursão era estupidamente barata (R$ 25,00, ida e volta com guia bilingue e o escambau), optei por ir de onibus. 15 minutos depois das 16h, estávamos chegando ao Vale de La Luna e ao Vale de La Muerte. Mais duas das coisas impressionantes da viagem. Ambos são formados por rochas nas quais o sal penetrou ao longo de milhões de anos, após os lagos salgados que se formaram na região secarem, o que resultou em formações que, no caso do vale de la luna, por dedução, obivamente se assemelha à superfície lunar. Já no caso do vale de la muerte, o nome original, segundo constam, era vale de marte. Disse o guia que o frei que descobriu e batizou o lugar, um frances, batizou-o de vale de marte, pela proximidade com o vale da lua e pela aparencia da superficie tambem lembrar marte. Em frances era não sei o que de mars, e na hora de escrever escreveram num sei o que de mors... como não falo lhufas de frances, comprei o que me venderam... Mas as formações são relamente interessantes, e no vale da morte, é possível ouvir as rochas "estalando" constantemente, fruto de um processo elaboradíssimo de num sei qual elemento atuando na rocha, por causa do sal, blábláblá. O fato é que o trem é bonito!

Como bonus, ainda era possível ter uma visão privilegiada do Vulcão Lincancabur, que fica na Bolívia.
Na foto abaixo, é possível ver uma "múmia", cabeça (principalmente) e membros (na imaginação do guia...), que é uma espécie de marca registrada do vale da morte e está lá há mais de um milhão de anos (pelos cálculos do guia...). Ainda, se vc olhar com atenção bem em cima da "cabeça" da múmia e quase no cato inferior direito da foto, perceberá pessoas. Procure que vc encontra. Isso dá uma referência para ter-se a dimensão do tamanho desse negócio...
Na sequencia, outras formações. A primeira, as Três Marias, e a segunda, o anfiteatro.
E para fechar o dia, o por do sol do alto da "grande duna" do vale da lua.

O problema foi o tanto de caminhada que se teve que fazer nesse tal de vale da lua e vale da morte. Andei que nem camelo. Aliás, literalmente que nem camelo já que era tudo subindo e descendo pela areia (afinal, é um deserto...). Mas valeu a pena. O dia foi ótimo. Fechei um um canelone num dos muitos restaurantes bacaninhas de San Pedro e cama. Aliás, algo que não falta em San Pedro é restaurante e bar com atmosfera legal.

Além de areia em todos os poros (San Pedro não tem calçamento nas ruas, é poeira que não acaba mais), volto com uma excelente impressão de San Pedro. Uma cidade com um baita futuro no que tange ao turismo, porque seguramente, muitas das coisas que vi aqui superam largamente algumas atrações que se espalham pelo mundo afora, mas que pouca gente ainda conhece, principalmente no nosso continente (o maior contingente de turistas em San Pedro é europeu, por incrível que pareça). Um lugar verdadeiramente imperdível, e proporcionalmente, bem perto de nós, brasileiros.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Turismo em San Pedro de Atacama

Buenas!!!!
Hoy, lo siento, pero el blog va ser minimo. Passei o dia fazendo turismo. O problema foi q a noite foi dos infernos (eu disse o o dom raul era uma pocilga), não dormi praticamente nada e as 4h da madruga tava de pe pra ir no geiser el tatio. Show de bola, o negocio eh bacana, o duro eh essa historia d ter q sair de madrugada pra pegar os bichos cuspindo agua pra cima.

Voltei as 13h e as 16h peguei o tour pro vale de la luna e vale de la muerte. Formacoes incriveis no meio de um imenso deserto d sal e rochas q um dia foi oceano. Soh que no meio da parada tem q andar feito condenado, entao, to quebrado... Como amanha tenho q pular cedo d novo (sao mais d 800 KM ateh copiapo), vim janter direto e to fazendo o post pelo blackberry. Fotinhas, soh amanha, se chegar cedo em copiapo e se tiver web no hotel. Mas jah adianto q as fotos ficaram bem legais. Umas coisas q soh tem aqui mesmo...

Agora vou terminar minha janta jah sonhando com a travessia do paso san francisco. Pesquisei bastante e não ha quem jah a fez q não diga q eh uma das maiores experiencias pelas quais jah passou. Comento mais amanha.

Saludos!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Etapa 3 - Tilcara - San Pedro de Atacama - 450 KM

Cheguei!!!!!! 3 dias e cerca de 2.600 KM depois, cá estou em San Pedro de Atacama.

O dia foi incrível! As temperaturas variaram de 3 graus no meio da cordilheira a 38 chegando em San Pedro. Pilotei literalmente entre as nuvens, rodei no meio de um salar e tive falta de ar até pra subir e descer da moto. Peguei ventos laterais fortíssimos e inconstantes na entrada do deserto. E tudo isso só fez o dia ainda melhor! :-D

Saí de Tilcara por volta das 10h, depois de te subido para vsitar uma Fortaleza cujo nome ficarei devendo mas cujas fotos estão abaixo. Há 2.500 m de altitude, subir e descer das construções já foi um parto, mas o melhor ainda estaria por vir... A tal Fortaleza é interessante, um monte de casinha de pedra sobre pedra, construídas pelos habitantes originais da região antes da chegada dos Espanhóis. Os nativos eram bem pequenos, porque em várias portinholas das casinhas eu não consegui nem entrar...





De lá, parti para a tal quebrada de Humauaca novamente, entre as montanha, até chegar a Purmamarca e fotografar o cerro de siete colores, uma montanha belíssima mas cuja foto não ficou nem digna de vir para o blog devido as condições de iluminação (tempo fechado, bem nublado, o que praticamente tornava impossível distinguir as tais sete cores.

De Purmamarca, comecei a subida da cordilheira em direção ao passo de Jama. Aí a coisa ficou divertida... em menos de 50 KM, sai de uma altitude de 2.500 m para 4.500 m. Agora começo a acreditar quando os malas dos jogadores de futebol vão jogar em altitudes elevadas e reclamam que não conseguem respirar. Peloamordedeus, até pra sair da moto e monta na moto dava falta de ar. Parei pra tirar uma foto de uma placa lá em cima da montanha e quase fiquei sem ar. Impressionante... Mas o caminho pra chegar lá foi fantástico. Eu diria que até mais bonito que os famosos caracoles a caminho de Mendoza. Muitas curvas fechadíssimas, sempre subindo. O termometro abaixando velozmente, chegando a 3 graus no ponto mais alto. A partir de uma certa altura, pilotei literalmente nas nuvens. Algo muito interessante, à medida em que se sobe, vc vai percebendo as nuvens lá em cima... daqui a pouco, vc já vê as nuvens ao seu lado nas montanhas em volta. Finalmente, quando vc se dá conta, está cortando as nuvens, uma experiência interessante!




Do "lado de lá" da cordilheira, o tempo estava limpo. Comeceu a descer até chegar a uma longa reta onde, lá na frente já era possível avistar um grande salar, chamado "Las Grandes Salinas".
Um lugar muito pitoresco, sal até onde a vista alcança. Claro que tive que colocar a moto pra rodar no sal (torcendo pro sal não detonar o pneu...). Mas deu tudo certo, tirei a indefectível foto e o pneu sobreviveu pra contar a história. O mais interessante são pontos do salar onde existe uma fina camada de água cobrindo o sal, onde céu e paisagem ficam refletidos. Indescritível.





Próx,ima etapa, cruzar o paso de Jama, antes, fazendo uma parada estratégica para abastecimento em Susques, um nada no meio de nada, onde o posto de gasolina pode ser visto na foto abaixo...

Susques era até alguma semanas atrás o último ponto de abastecimento antes de San Pedro de Atacama, 285 km à frente. Para a sorte dos que trafegam por estas paragens, um posto da YPF que estava em construção, segundo informações de amigos motociclistas, exatamente no Paso de Jama está pronto, novinho em folha! Sou capa de apostar que em semanas o posto de Susques não vai mais existir. Aí vem a velha reflexão... o infeliz do dono daquela espelunca jamais deve ter imaginado que fosse acontecer algo que mudaria o "rumo do seu negócio" naquele fim de mundo. E em acreditando, jamais tenou fazer nada para melhorar o que quer que seja apenas vendendo gasolina a peso de ouro naquele seu reduto exclusivo. Pois é... agora, provavelmente, ele vai dizer que tem muita falta de sorte...

A buroracia na fronteira Argentina foi normal. Encontrei dois motociclistas equatorianos fazendo o caminho contrário na alfandega. De lá, começa de fato o deserto do Atacama. É realmente impressionante... as cores vão mudando, um ambiente extremamente árido, certa dificuldade para respirar, muito vento. Mas tudo muito, mas muito bonito. Llamas e guanacos cruzando a estrada, pequenos salares aqui e acolá, formações rochosas curiosas, um ceú de um azul absolutamente profundo. As fotos abaixo dizem mais do que mil palavras...






E por hora é isso. Agora vou conhecer San Pedro do Atacama. Ah, uma última observação... Se vc estiver pensando em vir a San Pedro em algum momento da sua vida, FUJA da tal Hospedaria Don Raul. O hotel é uma espelunca!!!!!! (deve ser castigo pra eu aprender a não ficar contando vantagem do hotel butiquede ontem...). As fotos na Internet estão maquiadas e eu entrei pelo cano. Como fui avisado de que não deveria tentar a sorte vindo a San Pedro em Janeiro, num final de semana, sem reserva, reservei a bagaça pela Internet. Fazer o que... o jeito agora é encher a cara porque pra dormir nessa pocilga, só mesmo estando BEM cozido....

Saludos!!!!!